No dia 18 de abril de 1857, pela manhã, um camion à chevaux se deteve na Rua Montpensier, em frente da Galeria d’Orleans, no Palais Royal, Paris. O ajudante de cocheiro, trajando uniforme cinzento, amarrotado e sujo, saltou da boleia e dirigiu-se à Livraria DENTU, situada na entrada do peristilo. Empurrando a porta de vidraça, atrás da qual conversavam dois homens, o moço dirigiu-se a um, que era o gerente:
- Bom dia, Senhor CLÉMENT!
E apresentou-lhe um papel.
- Bom dia, Maurice! – respondeu-lhe CLÉMENT. Um
pouquinho atrasado, não?!
- Fizemos o possível, mas fomos despachados com demora na
última barreira.
O gerente leu rapidamente a nota de entrega, remetida de
Saint-Germain-em-Laye pela Tipografia DE BEAU, e gritou uma ordem:
- BITTARD! Recolha, por favor, essa mercadoria.
Não tardou a atender-lhe o empregado magro e alto, de avental
azul, puxando, por uma corda, uma carreta de quatro roldanas pequenas.
Aparentava vinte e cinco anos. Arrastou o Maurice, seu velho conhecido.
Conversando futilidades, auxiliado pelo cocheiro e o ajudante, BITTARD
carreou para o interior da loja, em dois lotes, uma etiqueta branca com o
frontispício impresso dum livro. A rua tinha, a essa hora matinal, poucos
transeuntes. Na maior parte, crianças com suas amas em busca do parque real. O
homem que conversava com o gerente era um freguês amigo. Vendo entrar literatura
nova, seguiu CLÉMENT ao fundo da loja e espiou o letreiro dum dos
pacotes. Depois disse, despedindo-se:
- Bem, meu caro. Você agora tem afazeres. Vou importunar um
pouco o Senhor DENTU.
- Até logo, DU CHALARD.
O freguês subiu a escadinha da sobreloja examinando, de
passagem, as lombadas dos livros, alinhados em prateleiras e bem espanados.
(...)
- Senhor DENTU, acaba de chegar O LIVRO DOS
ESPÍRITOS.
Assim chegava à Livraria o primeiro lote de O Livro dos
Espíritos, segundo relatos de CANUTO ABREU, na obra “O Livro dos
Espíritos e sua tradição histórica e lendária”.
“Se me amais, guardai meus mandamentos. E rogarei a meu Pai e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco:
o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e
absolutamente não o conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará
convosco e estará em vós.” (João, 14:15 a 17)
Que a inigualável Doutrina Espírita seja um refrigério para
sua mente e coração, iluminando-os com a certeza no porvir mais fortalecido,
sereno e equilibrado!
P.S.: a imagem utilizada é da segunda edição, a edição definitiva, por isso a data da publicação é posterior a 1857, quando houve o lançamento da primeira edição de OLE.
(2024)
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